Aves modernas surgiram na água, indica novo fóssil

20-05-2009 11:19

O animal esquisito e cheio de dentes do desenho abaixo, que mais parece um cruzamento cheio de dentes de pato com andorinha, pode ser um ancestral de todas as aves modernas. Quem diz é um grupo de pesquisadores da China e dos Estados Unidos, que desenterrou fósseis espetaculares do animal em rochas de 110 milhões de anos do noroeste chinês.


Reconstituição mostra o Gansus em seu provável ambiente

Reconstituição mostra o Gansus em seu provável ambiente
A espécie em si não é nova. Ela já havia sido identificada na década de 1980, com base em um único osso, e batizada como Gansus yumenensis --o nome é sugestivo, mas trata-se apenas de uma referência à Província chinesa de Gansu, onde seus restos foram desenterrados.

Mas os cerca de 40 fósseis do animal em bom estado de conservação recém-descobertos pela equipe se Hai-lu-You, da Academia Chinesa de Geologia, e Matt Lamanna, do Museu Carnegie de História Natural (Estados Unidos), permitiram pela primeira vez um olhar detalhado sobre o Gansus. E revelam que as aves modernas, como o frango do seu almoço, provavelmente surgiram num ambiente aquático.

"A maioria dos ancestrais das aves que viveram na era dos dinossauros são membros de grupos que se extinguiram sem deixar descendentes", afirmou Lamanna. "Mas o Gansus levou às aves modernas, então é um elo entre as aves primitivas e aquelas que vemos hoje."

Reprodução/"Science"

 

Esqueleto fossilizado da ave chinesa

Esqueleto fossilizado da ave chinesa


Os novos fósseis do Gansus foram achados em rochas da chamada formação Xiagou. Elas datam do primeiro terço do Período Cretáceo, o último da era dos dinossauros, encerrado há 65 milhões de anos. A idade faz da espécie o mais antigo membro do grupo dos ornituros, que inclui todas as aves modernas e os seus parentes extintos mais próximos.

"O Gansus é o mais antigo exemplo das aves quase modernas que divergiram do tronco da árvore genealógica que começa com a proto-ave Archaeopteryx", disse o americano Peter Dodson, da Universidade da Pensilvânia. Ele é co-autor do estudo que descreve os novos fósseis, publicado na edição de hoje do periódico científico americano "Science".

Vários dos esqueletos da ave, que tinha o tamanho aproximado de uma andorinha, possuíam tecidos moles preservados e até penas. Em um deles, ainda havia impressões de pele em volta de um dos dedos, o que permitiu aos pesquisadores confirmar que o Gansus yumenensis era aquático.

Asas potentes

Os esqueletos indicam que o Gansus tinha características surpreendentemente modernas para um animal dessa idade. A principal delas eram ombro e asas bem desenvolvidos. "Embora aquática, ela tinha um bom vôo", disse à Folha o paleontólogo Herculano Alvarenga, do Museu de História Natural de Taubaté, especialista em aves pré-históricas.

O pesquisador qualifica a descoberta como "extremamente interessante", e com potenciais implicações para o Brasil: a idade da formação na qual o fóssil chinês foi encontrado é mais ou menos a mesma das rochas da chapada do Araripe, no Ceará, onde já se encontraram penas isoladas.

"Isso faz pensar na possibilidade de um bicho semelhante por aqui", disse Alvarenga.

O paleontólogo paulista diz, no entanto, que o fato de o Gansus e várias outras aves do Cretáceo serem aquáticas não autoriza a pensar necessariamente numa origem aquática para as aves modernas. "O grande problema é que o ambiente aquático é mais propício à fossilização", conta. "Ele pode nos dar pistas falsas."



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